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quinta-feira, 18 de setembro de 2014

Pressure points

Desde sempre que o início das aulas é algo excitante para mim. Até ao meu segundo ano de faculdade. 
Dantes ficava entusiasmada e mal podia esperar por ir comprar os cadernos e as canetas com a minha mãe. Costumava gostar de voltar à escola. Rever os amigos (que agora sei que não eram assim tão amigos...), estrear cadernos, cheirar os livros novos...
Até ir para a faculdade. Bom, na verdade, o primeiro ano não me custou muito. É verdade o que dizem: o ano de caloiro é o melhor. Acho que era por conhecer muita gente. No início é fácil fazer amizades porque ninguém conhece ninguém, todos estão abertos a novas connections. Mas depois desse primeiro ano muita gente muda de curso e a maior parte dos meus amigos (ou, por outra, conhecidos) mudaram-se e nunca mais os vi. 
Foi então, nesse segundo ano, que os problemas começaram. Sentia-me mais sozinha. Ficava de parte enquanto a turma esperava, à porta, pelo professor. Fazia de tudo para não ter de almoçar na faculdade porque não saberia onde me sentar - não teria lugar. Chorava quando o dia acabava porque tinha ficado para último enquanto toda a gente escolhia o seu grupo.
No terceiro ano, o problema já não era bem esse. Era o facto de não ter nenhum caloiro a pedir-me para ser madrinha dele/a. Como não conhecia muita gente nunca cheguei a ir aos dias da Praxe e, por isso, nunca conheci ninguém do novo ano. Vi assim destruído o sonho de ter uma família académica, como toda a gente tem - e, mais uma vez, senti-me excluída.
No final desse terceiro ano e até agora (vou iniciar o quarto) o problema mudou novamente - trata-se agora de não suportar estar longe da família (aquela que é, vejo-o agora, a que realmente importa - a família de sangue). O que é estúpido, certo? Depois de quatro anos, agora é que choro todos os dias por estar longe. Claro que faço questão de passar todos os fins-de-semana na terrinha, com eles, mas sou parva e infantil o suficiente para me ir abaixo todos os dias (e as aulas ainda nem começaram).


Anyway... É isto. Vamos crescendo e habituamo-nos ao problema anterior. Esse deixa de ser o problema e passa a haver outro... E por aí fora. 
São pressure points, são aquilo que nos faz ir abaixo. E vão mudando porque nós próprios vamos mudando. Provavelmente nunca vão deixar de existir. 
É com tristeza que me pergunto: qual será o próximo?

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