Tenho andado meio desaparecida porque entretanto fui de férias e a internet por lá é escassa.
Agora, de volta à civilização, gostaria de deixar aqui umas palavras relativamente:
-À morte de Manoel de Oliveira, símbolo máximo do cinema em Portugal;
-À Páscoa.
Quanto à primeira não há muito que possa dizer - não conhecia o suficiente acerca dos seus filmes para poder falar. Mas que merece o nosso respeito, merece.
Quanto à segunda... Bom, gostaria de vos relembrar das minhas palavras depois da minha caminhada a Fátima a pé:
«Faz-se pela família, por aqueles que amamos.
Faz-se por penitência, para pedir ou para agradecer.
Cada vez que se passa por alguém que descansa, perguntam se queremos "água ou uma empadinha". Perguntam se queremos creme para massajar as pernas cansadas.
Cada vez que nos enganamos no caminho - esses que vão pela primeira vez - lá estão eles, veteranos, a corrigir-nos gentilmente.
Carros paravam antes de curvas perigosas para travar o trânsito e garantir que ninguém se magoava.
A dada altura passámos por mais uma aldeia que parecia perdida no tempo. Passámos por uma casa perdida no meio de uma aldeia perdida num mundo cruel onde, ainda hoje, guerras são travadas, mísseis lançados, jornalistas decapitados... Mas não naquela casa. Aquela casa era pura. À porta estava uma senhora com as mãos juntas em frente ao peito, com cara sofrida, a ver passar aqueles que, também por ela, iam a Fátima a pé. De trás dela vinha uma música espiritual que ela própria tinha posto mais alto para que quem passasse ganhasse coragem para os muitos quilómetros que ainda tinha de percorrer. Agradecemos-lhe. É também por ela que fazemos isto. Por quem não pode mas gostava e reza para que os que vão, cheguem bem.
Absorve-se cada vista, cada cheiro, cada prece, cada gemido de dor.
Faz-se pelo mundo. Porque o mundo precisa deste amor, de pessoas a perguntar se queremos água e de velhinhas a aumentarem o volume do rádio para encorajar quem passa.»